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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


4.5 Relato do projeto
A literatura, ao reunir a magia das palavras, educa e desenvolve a sensibilidade na criança, enriquecendo suas experiências pessoais, familiares, escolares e de cidadania. O ideal é fazer com que as crianças unam o entretenimento e a instrução ao prazer da leitura. O pano de fundo do estudo é a noção segundo a qual a narrativa dos Contos  de Fadas têm elementos básicos que podem contribuir para despertar o gosto pela leitura.
A partir do momento em que compreendemos o homem na sua totalidade,  devemos avaliar qual é a visão de mundo, a concepção de homem e o método de  abrangência da realidade propostas nos Contos de Fadas. A intenção é mais do que  intelectualizar, implica também naquilo que está sendo dito pelo texto e subtexto e nas  emoções sentidas enquanto narrador.
  Os Contos de Fadas não podem faltar na Educação Infantil, a fantasia ajuda  a formar a personalidade e além de aumentar o repertório de conhecimento da criança,  possibilita a transferência de seus dramas para os personagens. Na verdade, as histórias  dos Contos de Fadas referendam em alguns momentos os problemas interiores dos seres  humanos e funcionam como válvulas de escape, permitindo que a criança vivencie seus problemas psicológicos de modo simbólico, com grandes possibilidades de sair mais feliz dessa experiência. 
O Projeto busca refletir: quem são essas crianças pequenas  que chegam aos espaços educativos? Que sonhos trazem? Quantos desejos, certezas e  incertezas? Quantas dúvidas, expectativas, curiosidades e medos? Quantas crenças?  Que conhecimentos possuem?   São crianças com diferentes histórias, motivações e necessidades. Algumas  têm um pai e uma mãe como modelos, outras também têm, mas que não devia ser  modelo e, tem aqueles que não têm pai, enfim são histórias e histórias... como as de  Joãozinho que mesmo antes de conhecer a escola já sabia muitas coisas, na companhia  do pai já havia explorado muitos ambientes, como o campinho de futebol, uma pescaria, o  parque do lago, o passeio de bicicleta, o zoológico, o supermercado, a lanchonete, isto sem falar da chácara do vovô com aquele pomar, o riozinho, a lavoura, o trator, os bichos,  as flores, as borboletas, os pássaros com seus ninhos...  Em casa, aprendia a ler os  olhos, as palavras, os movimentos e trejeitos da mãe, sabia quando havia feito alguma  “estripulia” pelo olhar e tom da voz dos pais, lia  sons e ruídos que lhe despertavam a curiosidade, lia a sombra do seu corpo, media o seu tamanho pela sombra do pai, e o  mais importante, já sabia também o que era escola por meio das narrativas da mãe “lugar  em que devemos obedecer a professora, prestar atenção para aprender a ler, escrever e  fazer contas de cabeça, lugar de disciplina, ordem e estudo”. De algum modo, Joãozinho  entendia que aquele espaço faria diferença na sua vida e o levaria para novos caminhos.
A linguagem escrita já faz parte do mundo de Joãozinho, a qual visualiza em  muitos lugares, nas placas e outdoors das ruas, na TV, nas caixas dos brinquedos, nos rótulos dos produtos de alimentação, de higiene, nos livros, nos cadernos, nas revistas,  panfletos, jornais, etc.  A partir daí é possível perceber que Joãozinho e as demais crianças  pequenas chegam aos espaços educativos com a linguagem oral muito desenvolvida. Os conhecimentos e as experiências vividas no meio familiar e social são ricas e o docente de Educação Infantil precisa levá-los em consideração. Além da valorização daquilo que o aluno já sabe, é importante que o docente tenha conhecimento das fases de desenvolvimento da criança.
No entanto, apesar da prontidão cognitiva, da expectativa e da curiosidade  latente nas crianças com menos de seis anos, ainda está presente, às vezes de forma  velada, a concepção tradicional da leitura na Educação Infantil, a qual é confundida com o  simples deciframento de signos gráficos. Infelizmente, é dada extrema importância para a formação da criança leitora e a decodificação de palavras assume papel de destaque,  queimando uma etapa importante do desenvolvimento infantil.        
Nesta fase, o docente deverá primar  por atividades lúdicas, por meio da  fantasia e do encantamento presente  ricamente na literatura infantil.  Aqui vale lembrar a importância da leitura de imagens, as quais devem preceder o deciframento das palavras. Ao reconhecer uma imagem o pequeno leitor experimenta um  contentamento por reencontrar uma  experiência já vivenciada.
 A leitura é uma porta de entrada que estimula a imaginação, em que a  criança cria seus roteiros, suas cenas e histórias; podendo suscitar muitos  questionamentos e despertar o interesse por novas leituras. Com estímulo, dá asas à  imaginação, ampliando sua consciência e desenvolvendo a linguagem oral de forma  prazerosa. Assim, terá uma compreensão de seu universo, de si mesmo e do meio em que vive, auxiliando a se situar no tempo e no espaço. Podemos chamar essa fase de “alfabetização visual”, na qual é possível trabalhar diversas características de objetos, inclusive de livros de literatura infantil, como por exemplo: o tamanho do livro, a grossura, o peso, a ilustração da capa, a beleza das figuras, das letras, dos espaços, das cores, da  textura, da diagramação das páginas. A percepção visual que a criança tem da imagem  torna-a capaz de atribuir qualidades aos objetos, reconhecendo-os e identificando-os.
As ilustrações dos livros dos Contos de Fadas como “obras de arte” são responsáveis pelo fato desta literatura permanecer atual até os nossos dias. Os contos em si, com suas abordagens de significativos arquétipos (modelo, padrão) do homem – a  memória coletiva de todas as pessoas tem seu valor  literário. Mas como obras de arte  estão as ilustrações, nas quais o ilustrador deve evitar o conflito entre o que o leitor  imagina e o que vê; saber discernir a cena e o momento a ser ilustrada é fundamental  para emocionar e envolver a criança.
O docente da Educação Infantil enquanto mediador da aprendizagem deve  ser criativo e capaz de trabalhar as artes, as brincadeiras, as histórias, as dramatizações,  os bonecos de fantoches, as musiquinhas, os versinhos, os trava-língua e muitos outros  recursos como estratégias para despertar o interesse da criança para a leitura e escrita.
A linguagem apresenta-se como mediadora entre a criança e o meio em que  vive, como uma ponte que poderá auxiliá-la na conquista do mundo a sua volta, é ilimitada e não tem fronteiras, desvela o maravilhoso, o criativo e o imaginário, em vista  disso, a avaliação não pode ter critérios rígidos, pois qualquer critério não dá conta em  explicar toda a extensão e riqueza da linguagem oral.
O embasamento teórico metodológico é o do materialismo histórico e  dialético, no qual o maior desafio do professor é fazer com que a criança aprenda por  meio de experiências e fatos da sociedade à qual está inserida, seja nos contextos  imaginário ou real do seu cotidiano.
Uma obra é considerada clássica e referência em qualquer época quando  desperta as principais emoções humanas. Os dramas existenciais como “separação entre  crianças e pais” aparece em Rapunzel e o Patinho Feio, “o medo da rejeição”  em João e  Maria e “a rivalidade entre irmãos” em Cinderela. 
Uma proposta nesta perspectiva e um fazer pedagógico dessa natureza  certamente contribuirá na formação de melhores leitores e apreciadores das artes  plásticas, do cinema, do teatro, bem como de cidadãos mais críticos e participativos do  universo que o cerca.
Optou-se como viés deste estudo pesquisar os “Irmãos Grimm” que viveram  no século XVIII, na Alemanha. Os irmãos Jacob e Willem dedicaram-se aos estudos de  história e linguística, recolhendo diretamente da memória popular germânica as antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas pela tradição oral. Os dois irmãos,  na idade de 30 anos, já haviam conseguido uma posição de destaque por suas  numerosas publicações que contribuíram grandemente para a popularidade dos Contos  de Fadas.
Propõe-se o estudo dos Contos de Fadas provenientes do repertório  europeu por uma questão de escolha coerente, pois a maioria deles é de autoria dos  Irmãos Grimm, que souberam transcrever com sobriedade os contos populares do seu  tempo, o que permite hoje ter acesso a uma legítima e autêntica coletânea.
                                                 

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